6:06 em Darmstadt

Decidir, optar, escolher.

Para onde me virar? Há palavras que ressoam:

(...)Palavras, ao nosso redor ressoam tantas, mas só Cristo tem palavras que resistem à erosão do tempo e duram por toda a eternidade. Esta fase da vida em que vos encontrais, impõe-vos algumas opções decisivas: a especialização nos estudos, a orientação no trabalho, o próprio compromisso que se tem de assumir na sociedade e na Igreja. É importante tomar consciência que, dentre as muitas questões que emergem no vosso espírito, as decisivas não dizem respeito a «que coisa». A pergunta fundamental é «quem»: ir para «quem», «quem» seguir, «a quem» entregar a própria vida.

(...)

5. Celebrar a Eucaristia, «comendo a sua carne e bebendo o seu sangue», significa aceitar a lógica da cruz e do serviço, isto é, significa testemunhar a própria disponibilidade para se sacrificar pelos outros, como Ele fez.
De um testemunho assim, tem extrema necessidade a nossa sociedade; dele têm necessidade hoje mais do que nunca os jovens, frequentemente tentados pelas miragens duma vida fácil e cómoda, pela droga e pelo hedonismo, acabando depois nas malhas do desespero, da falta de sentido, da violência. É urgente mudar de direcção tomando o rumo de Cristo, que é também o rumo da justiça, da solidariedade, do empenho por uma sociedade e um futuro dignos do homem.
Esta é a nossa Eucaristia, esta é a resposta que Cristo espera de nós, de vós, jovens, na conclusão deste vosso Jubileu. Jesus não gosta de meias medidas e não hesita a instar-nos com a pergunta: «Também vós quereis retirar-vos?» Com Pedro, diante de Cristo, Pão de vida, também nós hoje queremos repetir: «Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6, 68).

(...)

Quero dizer a Deus obrigado pelo caminho das Jornadas Mundiais da juventude. Obrigado pelas multidões de jovens que elas atingiram ao longo destes dezasseis anos! São jovens que agora, já adultos, continuam a viver a fé onde residem e trabalham. Tenho a certeza que vós, queridos amigos, estareis à altura de quantos vos precederam. Vós levareis o anúncio de Cristo ao novo milénio. Voltando a casa, não vos isoleis. Confirmai e aprofundai a vossa adesão à comunidade cristã a que pertenceis. Daqui de Roma, da Cidade de Pedro e Paulo, o Papa acompanha-vos com afecto e, parafraseando uma afirmação de Santa Catarina de Sena, diz-vos: «Se fordes aquilo que deveis ser, pegareis fogo ao mundo inteiro!» (cf. Carta 368).


Papa João Paulo II, encerramento das Jornadas Mundiais da Juventude, Roma 2000.


Até já.


Eu.

Eu não sou eu nem sou outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.


Mário de Sá Carneiro


Esquizofrénico?

Personalidade duplicada ou simplesmente dúbia? Actor ou realizador? Treinador ou jogador? Presa ou caçador? Crocodilo ou elefante? Coisas diferentes ou nada de todo ("nothing at all")?

Apenas a certeza do enorme tédio que se mastiga se ficar sempre na mesma margem.

Ela deu sinais de vida

"Since you've gone I've been lost without a trace
I dream at night I can only see your face
I look around but it's you I can't replace
I feel so cold and I long for your embrace
I keep crying baby, baby please

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake

I'll be watching you"


Sting



Crédito imagens: Rosanne Olson - http://rosanneolson.com



Será que se enganou? Será que foi da hora, do momento, por acaso? Talvez eu tenha estado sempre

waiting for some angel
To wake me and say to me
"Hello. Don't be scared. I want you to know, you're not dead."


Silence Four


Está um dia de Sol, por aqui... Ao que sei, em Portugal também.


Envelhecer

A Teresa e o João casaram.

A Luísa e o Frederico vão casar.

O meu primo em 2o grau já tem 15 dias.

E ontem, o Marco disse: "Bem, não posso ir ao jantar de curso, vou para o Algarve. Mas a gente vê-se em breve."

Porque é que não consigo acreditar que vou voltar a ver metade dos meus colegas? Porque é que me parece que esse tempo acabou?

Cá por fora há não uma brisa quente, mas um sopro fresco, cheio de vida.



A montanha lá em cima


Crédito imagens: Carl Milner

E eu cá em baixo.

E não é que "High fidelity", um filme que poderia passar por lamechas, de John Cusack, cujo review pode ser visto aqui, mostra as entranhas do homem até ao apêndice? Fica a faltar qualquer coisa, eu sei, mas a partir de ontem senti-me despido, posto a nú, descoberto, desprovido de paredes, completamente á mercê de qualquer mulher... Elas já podem saber que passamos a nossa adolescência a gravar cassetes com o que sentimos, que passamos a vida a desejar fantasias, que não sabemos bem o porquê de as querermos tanto de volta, que...

Hoje, uma colega disse: "O filme é idiota, então ele lembrava-se do primeiro beijo!?".

É isso talvez o que elas querem. Que esqueçamos o passado. Ou que, pelo menos, o coloquemos debaixo do tapete que está no sótão metido numa arca da qual perdemos a chave. O que talvez não percebam é que um homem não esquece, não esconde. Quanto muito afoga as mágoas. Nisso somos bons. Elas até o primeiro beijo esquecem. Ou não.

O filme é lamechas, idiota, uma daquelas comédias românticas para divertir por 2 horas. As mulheres, se forem espertas, aprendem muito com ele. Mas eu senti-me devassado até ao tutano na minha alma. O Paulo ficou a remoer-se por já se rever no filme todo.

Eu ainda tenho de substituir algumas desilusões. Mas já tenho "top five"...


A Rosetta partiu num dia frio. Gélido.

No dia, madrugada em kourou, dois jovens esperançosos olharam, com o sonho a concretizar-se, com emoção, com uma paz de alma e tranquilidade enormes.

Agora chegou a altura de entrar em hibernação. As escolhas estão aí: Vaguear pelo Sistema Solar, á espera de um dia acordar, com um ténue cordão a ligar-nos á terra, ou em vez de embarcar numa aventura incerta, conhecer melhor o que de bom tem a Terra?

O Luís tem a coragem que me falta. Não se esconde na noite...


Crédito imagens: ESA - http://www.esa.int


"Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar."

Ainda bem que parti em boa companhia. Agora, é hora de recomeçar.

Onde? Não sei, não sei, não sei... Não sei.


Fugir

Ás vezes apetece fugir para longe...


Crédito imagens: João Lopes Cardoso - http://jalc.wolan.net



Estado da alma

Atarefada e sem vontade.

Empolgada e sem rumo.

Porquê 3

How many special people change
How many lives are living strange
Where were you when while we were getting high?

Slowly walking down the hall
Faster than a cannon ball
Where were you while we were getting high?

Some day you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Some day you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova
A champagne supernova in the sky

Wake up the dawn and ask her why
A dreamer dreams she never dies
Wipe that tear away now from your eye

Slowly walking down the hall
Faster than a cannon ball
Where were you when we were getting high?

Cos people believe that they're
Gonna get away for the sun
But you and I, we live and die
The world's still spinning around
We don't know why
Why, why, why, why

Oasis



Ela estava aqui

Recorto as fotografias para que ela não apareça.



Ela corta-me o coração, para que eu não volte a aparecer.

Porquê II


E quando eu descobrir o segredo
Da neblina cinzenta
Que torna a água barrenta
E sem perdão me esmaga o peito

E quando se levantar de repente
A névoa que cobre o rio
Que gela tudo de frio
E escurece a corrente

[D Bm Em G / D Bm Em G A]
Longa se torna a espera
Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite que quita de frio
E quando...

E quando apanhar finalmente
O barco para outra margem
Outra que finde a viagem
Onde se espere por mim

Terei, terei mais uma vez força
Para enfrentar tudo de novo
Como a galinha e o ovo
...repetir desgraças

Longa se torna a espera
Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite que quita de frio
E quando...


Tim - X&P

Links

A minha alma não vai ter links.

Os esteiros acabavam ali mesmo. Eram extensões do rio, onde tudo terminava: Os sonhos e até mesmo a vida.

O mundo termina aqui. Afinal, há alguma coisa para lá da alma?


Retalhos de uma alma esfrangalhada

Chove lá fora. Hoje apetecia-me um fim de tarde com sabor a despedida.


A vida não é contudo feita de apetites. Será que é feita das pessoas que estão quase esquecidas?


Crédito imagens: João Lopes Cardoso - http://jalc.wolan.net - Acareg 99


Será que o estado da nossa alma depende proporcionalmente da quantidade de memórias que nós temos vivas em determinado dia? Será que oscila dependendo da consistência do que sonhamos?

Apetecia-me algo.

Diferenças

Entre os Alpes dos meus sonhos e a realidade?




Nenhuma.


Que fazer?

Fora está noite...


Cá dentro há luz.



Ela estava ali, está aqui, está em todo o lado... Andei 300 km para encontrar conforto, ando sempre 300 km para ter um momento de felicidade, e frustro-me por não ter coragem. Frustro-me por estar sempre há espera de mais. Por os outros serem humanos e também estarem a tentar fugir dos esteiros... Mas voltam sempre. É a condição humana, querer fugir mas por todas as razões e mais algumas ficar sempre no mesmo sítio.

"I don't have the balls." Risos. "You should say guts or courage, but not balls!" Os risos continuam.

A minha vida está polvilhada de risos. Dos que se riem de mim. Eu até hoje só consegui sorrir, e fingir gargalhadas.

Júbilo


Crédito imagem: ESA/NASA Cassini-Huygens


Pequeno Poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enloqueceu ninguém...

para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.


Sebastião da Gama


Parabéns Marta e Rui... Parabéns também aos avós e ao tio. É nestes momentos que sabe bem ser mais velho.

Hoje vejo também onde se começa: O que era, o que é, e o que vai ser.




Dúvida

- Sinto-me como se a alma me tivesse cahido a uma latrina! Preciso um banho por dentro!


- E a proposito, a tua comedia, o Lodaçal? perguntou Carlos, que entrara um instante para a alcova de banho.
- Abandonei-a, disse o Ega. Era feroz de mais... E além d'isso fazia-me remexer na podridão lisboeta, mergulhar outra vez na sargeta humana... Affigia-me...


Não sei se volte a Portugal. Estava a precisar de um banho por dentro, mas dizem-me que continuamos a apodrecer romanticamente. Como maçã numa natureza morta.


Não passou



"Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão - a tua mão, nossas mãos -
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.
"


Carlos Drummond de Andrade


"Nada, que eu sinta, passa realmente..." : Finalmente, o meu ser em palavras.


Nervosismo

Não me chateiem!

Estou a trabalhar.

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Álvaro de Campos, Linha Recta


Esteiro

substantivo masculino
braço estreito de rio ou mar que se estende pela terra dentro;
(Do lat. aestuarìu-, «braço de mar»)

in Infopédia, Porto Editora


Num esteiro não há ondas espumosas. Esta definição fere a dignidade do mar revolto.



PS: uma imagem vale mil palavras. Bem vindo, João.

XXX

Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o.
Sou místico, mas só com o corpo.
A minha alma é simples e não pensa.




O meu misticismo é não querer saber.
É viver e não pensar nisso.

Caeiro, Alberto.

Resquícios

I: Publicamente: Estive a festejar com os gregos;
Secretamente: Não sei se consigo perdoar a hesitação da Charlotte...

II: Ela mandou-me uma mensagem, 2 meses depois. Nenhum dia pode ser perfeito.


Sophia

Hoje, tinha muito para dizer.

De repente, apetece-me nada dizer sobre o tudo que se passou.

A primeira obra que me perturbou chamava-se "A Floresta". Não me recordo quase da história, nem sequer sei onde tenho o livro, mas lembro-me perfeitamente: Foi sobre ela que fiz o primeiro desenho onde abandonei a infância. A professora de Educação Visual pediu-nos um desenho sobre uma parte da obra, eu lembro-me que escolhi a descrição da casa. Quando o terminei, achei-o irrealista. Acho que era um pouco o objectivo da autora: os contos de fadas serviam apenas para nos despertar.

Só li mais uma obra infantil: "A menina do Mar". Minto. Também "Contos Exemplares". Apenas para confirmar que Sophia se dirigia a crianças para que elas perdessem a inocência: Os protagonistas sofriam, e, para mim, de forma nada suave. Pior: Chegavam a morrer. Pois é. Eu confesso: Detestei esta autora toda a minha juventude. Ela roubara-me as últimas esperanças que eu tinha numa eterna tranquilidade de menino.

Mas, talvez por causa dela, tenha aprendido a enfrentar a dor com suavidade. Saborear a ternura de mãe. É isso, para mim é isso. Nas obras de Sophia não há amargura, ou sofrimento atroz. É tudo doce, terno, leve, suave. Até as canções mais acutilantes que me abriram as portas para descobrir o 25 de Abril dos meus pais se revestem de uma revolta cheia de paz. Ouvi as duas cantadas pelo Francisco Fanhais. "Vemos, ouvimos e lemos", "Porque os outros". Parecem cuspidas de raiva, mas não há ódio ou rancor.

Depois voltei a esquecê-la. Só há oito meses ela ressurgiu. Com ela, o amor mais terno que alguma vez senti. Pelas palavras dela, tudo me pareceu belo e delicado. Havia beleza para além das palavras dela?


Só desejo que Sophia tenha morrido com a paz de espírito que me deu.

Porquê?

"
Ausência
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."


Sophia de Mello Breyner Andresen



Crédito imagem: ESA/NASA Cassini-Huygens



The end

Brando: We went into a camp to inoculate some children. We'd left the camp after we had inoculated the children for polio, and this old man came running after us and he was crying, he couldn't see. We went back there and they had come and hacked off every inoculated arm. There they were in a pile, a pile of little arms.


Brando: These were not monsters, these were men, trained cadres, these men who fought with their hearts, who have families, who have children, who were filled with love. But they had the strength, the strength to do that. If I had ten divisions of those men, then our troubles here would be over very quickly. You have to have men who are moral and at the same time who are able to utilize their primordial instincts to kill without feeling, without passion, without judgment--without judgment--because it's judgment that defeats us.


Brando: We train young men to drop fire on people. But their commanders won't allow them to write "fuck" on their aeroplane because it's obscene.

Apocalypse Now

Marlon Brando: "Are you an assassin?"
Martin Sheen: "I'm a soldier."
Brando: "You're neither... You're an errand boy... sent by grocery clerks... to collect a bill."


Marlon Brando: "What did they tell you?"

Martin Sheen: "They told me that you had gone totally insane.. and, uh, that your methods were... unsound."
Brando: "...Are my methods unsound?"
Sheen: "...I don't see any method at all, Sir."


Marlon Brando: "Horror ... and moral terror ... are your friends."


Marlon Brando: "The horror! ... The horror...!"

Quem me levou a conhecer a perfeição que existe nestas imagens, ensinou-me também a certeza do silêncio...





(Aqui chove)

Para a Inês. Vai correr bem... :-)
E agora



Apocalypse.
The sun just slipped its note below my door
And I can't hide beneath my sheets
I've read the words before so now I know
time has come again for me

And I'm feelin' the same way all over again
Feelin' the same way all over again
Singin' the same lines all over again
No matter how much I pretend

Another day that I can't find my head
My feet don't look like they're my own
I'll try and find the floor below to stand
I hope I reach it once again

And I'm feelin' the same way all over again
Feelin' the same way all over again
Singin' the same lines all over again
No matter how much I pretend

oh...

so many times i've wondered where i've gone
and how i found my way back in
i look around awhile for something lost
maybe i'll find it in the end


Norah Jones

Cassini

Perdida no nada.



A minha alma chora

Chove lá fora.

Em Saturno, a rodopiar em torno de pó de estrelas, a Cassini está sozinha.

Este é um blog sobre estados da alma.