... digerir este teu segundo e-mail. Apetece-me dissecá-lo. Fui ver o jogo de Portugal, e esperava poder chegar a casa e lê-lo com tranquilidade, com serenidade, e não ter a reacção que escrevi há apenas 3 horas.
Mas não consigo. Por muito que queira, cada palavra atinge-me com mais dor, porque me apercebo, infelizmente, cada vez mais, que a motivação para as frases ditas em loucura existia: "Não quero que tenhas pena de mim... Não quero que me mintas."
Reflectiste... nos equívocos que podias criar. Tens medo de criar equívocos? Não, não tens medo de nada, a tua consciência está perfeitamente tranquila.
No que eu te pedi? Obrigado pela consideração. Mas não pensaste verdadeiramente no que eu te pedi.
No que te pediram? Não quero acreditar que esta frase tenha sido bem construída. Quero, sinceramente, do fundo do coração, acreditar que este "pediram" tenha sido referente a mim. Eu não posso acreditar que te tenhas tornado 'obediente', eu não posso acreditar que tenhas acedido a um pedido do género... Afinal (e isto é o que me dói), que valor tem o que me disseste? "Sempre que precisares, estou aqui..." Com quantas ressalvas? Não estou a dizer que és obrigada a tal... Estou simplesmente a constatar que o valor destas tuas palavras está dependente de um pedido. De uma autorização.
"Se o mail não foi mais atencioso foi para evitar problemas futuros" Que problemas? Sou um problema? Tens um problema? Então não me disseste já, claramente, que pertenço ao passado? Mas então não te deixei em paz, tal como me pediste?
"Se fosse lido no tom correcto"... Quem é que queres enganar? A mim? Tu própria? O resto do mundo? Com que tom deves ler 4 linhas? Não te parece frio? Mas que raiva... Ele não é frio, como te acabei de dizer: é completamente indiferente!! Deixei-te em paz 2 meses... 2 enormíssimos meses durante os quais a única carta que te escrevi, em amizade, foi devolvida pelos correios, por me ter esquecido do número da porta... em que escrevi estas centenas de posts neste blog para não desesperar. Apenas me procuraste para falar no messenger, quando não tinhas mais nada que fazer! Sou um mero apêndice?? Finalmente removido, tirando-te a dor? Apenas quero que me digas isso, na cara! Entendes? Ou não?
Sim, desde Março de 2000 que me sinto nada mais do que um apêndice: Não sirvo para te fazer voar, não sirvo para te fazer feliz, não sirvo para estar ao teu lado. Não sou ninguém. Fui o que estava mais á mão, que te amava incondicionalmente, de quem te podias socorrer sempre, sempre que quisesses. Quando me consegui ausentar, em Março de 2002, conseguiste voltar a prender-me. Quando receei, em Setembro de 2002, encostaste-me á parede. Quando me libertei, em Abril de 2003, ignoraste-me, e de repente, pela primeira vez, sentiste um vazio. Ao contrário do que afirmas, preencheste-o, constantemente, a partir de Setembro de 2003... Recordas-te do que me disseste á bem pouco tempo? Quando te falei da Joana, estavas com alguém, num carro, a caminho da Figueira da Foz!!! Quando te escrevi, enquanto estava na Alemanha, respondeste-me de forma gelada. Quando te telefonei (para o telemóvel, não tenho o teu número de casa), falaste-me como falarias a um qualquer vendedor ou operador que ligasse a falar de produtos ou serviços.
Disse-te, quando te deixei, que estaria sempre aqui para o que precisasses. NUNCA precisaste. Disseste-me que sim, que precisavas, mas nunca, nunca, nunca, o disseste. Nunca fizeste sentir-me mais que um apêndice. Doía-te? Claro que sim, mas não era por isso que deixava de ser descartável.
Em Dezembro de 2004, antes de te dizer o que se tinha passado, quando nem tinha fosse que motivo fosse para te dizer, não tinhas tempo, estavas ocupada com pessoas por quem tinhas um verdadeiro carinho. Pessoas a quem eventualmente ligas nos anos. Nos meses que se seguiram, falaste-me de ir para os Estados Unidos, disseste-me que me voltavas a bloquear para estar em paz e sossego, disseste-me que te tinham feito propostas de casamento... PORRA! E ficaste tu magoada por eu inventar mais uma paixão??? Quando nesse mesmo dia falaste que também estavas apaixonada, e só ás 2 da manhã de cá, tendo eu de trabalhar no dia seguinte esclareceste que fui eu!
PORRA!!! Agora vejo, e não percebo como pude ser tão estúpido! Já nem me apetece mais esconder este diário, sabes? Falei contigo em Janeiro, sempre que te encontrei on-line... bloqueaste-me, voltaste a falar apenas e tão só para dizer que vinhas a Basel, e voltamos a falar a 1 (uma) semana de eu ir a Portugal pela Páscoa!!! E dizes tu que na altura me esperavas? Me querias? Disseste-me isso ainda há 2 meses atrás, recordas-te? No jardim botânico, onde me levaste!!! Onde o primeiro beijo que me ficou a arder eternamente foi dado! E ficaste indignada por eu nada te dizer quando cheguei a Portugal, tendo eu depois de uma viagem de quase um dia por ter perdido o vôo em Frankfurt, saindo no dia seguinte para os Caminhos de Santiago! E ficaste indignada por eu nada dizer quando cheguei, tendo sabido que tinhas estado em minha casa no exacto dia em que regressei de Espanha, sem que me tenhas dado uma única palavra??? E ficaste irritada por eu ter dito que, depois do acidente dos teus pais te ter dito que podias ligar quando quisesses, sem que tu tivesses precisado????????
NÃO PERCEBES QUE FUI SEMPRE UM APÊNDICE?
E ainda tiveste a lata de me dizer que alguém está a sofrer amargamente por causa daquilo que sentes por mim??? Mas porque é que me mentes desta forma tão descarada??
Era isso, e nada mais, que gostava de perceber... E tantas mais coisas que devia ter-te lembrado em tantas ocasiões!!
E ainda te admiti, e me senti mal, a censura, a indignação por ter estado nos braços de alguém??? E ainda tenho de receber a merda de mails para tu limpares a tua consciência?
Se estás bem, fica BEM!! APENAS TE DESEJO O MELHOR! Fiz os meus possíveis, mas sou naturalmente limitado. Penso com o coração, sou fraco... devia ter simplesmente encarado a nossa relação como meros estímulos no cérebro, e não como algo que era mais do que reaccões químicas processadas não sei onde. O frémito que recebi quando me disseste que estavas a fazer o faqueiro não para nós, mas para a pessoa com quem te casasses, abriu-me o caminho. Mas eu não quis olhar. Parecia-me tão triste. É tão triste.
Sinto-me triste. Foi tudo isso que te quis dizer: Sinto-me triste por descobrir que vivi uma mentira. Sinto-me triste por tu teres chorado á minha frente e não conseguir entender porquê. Explica-me, diz-me que tudo isto que disse aqui acima está errado... Desfaz-me a lógica. Era tudo, tudo, o que precisava. De nada mais. Que me mostrasses que estou errado, que não vivi na mentira. Mas, sinceramente, perante o que fazes, o que fizeste, e analisando tudo com a frieza que sugeres, o que hei-de concluir? Que posso concluir?
(...) E pensar que perdi um possível anjo por ter imaginado descobrir que as migalhas da tua memória no meu coração afinal eram diamantes... (...)
Vou dormir. Os teus mails provocaram-me isto. Queria esquecer, queria pegar na primeira mulher que me aparecesse á frente e mostrar-te que sou feliz sem ti... Queria tanto enganar-me a mim próprio... continuar a viver na doce ilusão...
E agora, vou-te ser muito, muito sincero: Se, e digo, se, a suposição que provocou este longo texto estiver correcta, então escolheste erradamente. Mas, infelizmente, vais casar com a besta que pensa de forma mais egoísta do que eu, não por amor a ti, mas por amor á sua satisfação pessoal, apenas porque a ele podes obedecer. Porque é forte sem ti, e admiras isso. Mas, serás profundamente infeliz. Porque a obediência não gera amor...
Eu não acredito que escrevi o que acabei de escrever. Preciso de longas horas de sono. Longas. E tentar esquecer que algum dia pensei o que escrevi hoje.
São 2 da manhã, 1 hora portuguesa. As tuas visitas continuam regulares: Depois das 23h esqueces-me, não visitas os meus blogues. Estás bem. Mas não és feliz...
Adenda: Não chegarás a ler isto. Leste apenas uma frase, esquecida, que não sei se terei deixado de propósito. O rancor de que me falaste hoje, dia 7 de Setembro, nada é face ao ódio. Ódio de ver como não estremece sequer um pouquinho da tua alma quando falas comigo. E de fingires o fingimento. É isso, é isso, será sempre isso: Não quero que me mintas, não quero que tenhas pena de mim: Não tens qualquer problema em falar comigo, não fingas que o tens. Tu já sabes que amanhã, ao acordar, ou ainda esta noite, terás uma voz para te aconchegar. Um porto de abrigo onde pousar. Então, não me mintas... Não te exponhas. Não me faças duvidar.